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KARLA CALASANS
( BRASIL – DISTRITO FEDERAL )
Karla Calasans nasceu em 23 de junho de 1978 em Brasília.
É presença marcante na cena cultural da cidade, onde atua como poetisa, professora, atriz e cantora.
Formou-se em Letras pela Universidade Católica de Brasília e é mestra em Literatura pela Universidade de Brasília. A sua pesquisa de mestrado foi defendida com uma performance cênica e, em 201115, transformou-se em seu primeiro espetáculo solo intitulado
En(tre)cantos de Dulcinea Del Taboso ou Dulcinea em Cantata.
Estreou na literatura com o livro de poemas Nas bordadura de um botão, pela editora Lago 3, em 2014. Esta obra traz uma fusão de linguagens poética e visual, são 22 poemas e 44 telas nas quais são utilizados elementos ligados ao universo da costura: botões, linhas, alfinetes, etc. Quatro deles foram musicado por Jorge Jóia. O livro teve outros desdobramentos estéticos. Em 2019, KRU Calasans e o cineasta paraibano Kennel Rógis, transformaram poemas do livros em uma produção audiovisual. Na cidade de Coremas, na Paraiba, e depois em Sagarana, Minas Gerais, ele encenou o espetáculo “Botões na rua”.
Karka Calasans também atua nas redes sociais, mantém o canal no YouTube “Afinando o Verso”, Instagra@karla.calasanss, sonde declama e escrever poesia, encena e divulga seus trabalhos. Também atua como diretora de criação da cia. De teatro Abrigo Santo.
O poema de abertura da obra Nas bordaduras de um botão já anuncia a força da poesia dessa artista. Os elementos da costura são alegorias para o transcorrer da vida, o tempo, os desejos.
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ARAÚJO, SANDRA, compilação de. (Re)versos: a poesia feminina de Brasília. Direção editorial e arte da capa: Alessandro Eloy Braga. Brasília: Coelhos da Selva Editores, 2022. 100 p.
ISBN 978-65-00-24694-0 [Inclui as poetisas: Margarida Patriota, Astrid Cabral, Lina Tâmega Peixoto, Noélia Ribeiro, Ana Maria Lopes, Meimei Bastos, Tatiane Nascimento, Karla Calasans, Cristiane Sobral, Nathália Coelho, Alessandra Matias Querido e Luciana Fauber.
Ex. biblioteca de Antonio Miranda
— Botão e no.1 —
CASA MINHA 44
Na linha das jutas,
encontro asas que anunciam o invento
e coso.
Coso o feito pelo não feito,
Enquanto junções de um tempo.
Um tempo de mirar a vida por uma morada miúda
e deixar o botão, na sua dimensão, entrar.
Entrar transparente,
branco, dourado, bordado.
Entrar ardente
E logo em frente
abrir espaços
para atar,
de par em par,
a centelha do reatar.
A vida é tecida no poema pelo eu lírico, que se depara
com casa e botão, elementos que fazem referência e encontros
e desencontros, realizações e não realizações. Tempo passado
e tempo presente se juntam na ação de coser o que agora
se permite acontecer espontaneamente.
Na obra, os poemas são dispostos de forma que em uma
página está a tela feita com os elementos de costura e de outra,
o texto escrito. Assim o livro também é tecitura, que encanta o
leitor.
Tudo é tema de poesia. Qualquer coisa sob o olhar sensível
dessa poetisa pode se fio em seu tear poético.
— Botão de no.19 —
CROQUI 45
Onde guardamos as nossas histórias?
Em tecidos envelhecidos pelas horas do tempo
e que, em guarda, aguardam o ofício
de sacarmos mais uma vez a tesoura,
para definirmos outros limites desta fazenda.
E, com a linha e a agulha,
continuarmos a dar formas e vidas a este pedaço de pano
como se desenhássemos, na nossa pele,
em croqui feito em breves traços.
Alguns retalhos são afivelados, zipados
e regulados pelas condições dos moldes.
Porém, é na imprevisibilidade de muitos cortes e costuras,
que as histórias vão e vêm no ziguezaguear desta máquina:
Uma bordadeira incansável e às vezes polêmica
que arremata, dia a dia, este corpo que nos veste
e nos põe em serventia.
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Página publicada em junho de 2024
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